Estamos todos tentando
Sobre o poder da vulnerabilidade e a busca por sermos fiéis a quem somos
Janeiro foi intenso. Um mês de muito movimento, com viagens intensas por cantos lindos da Tailândia - algo que tem sido a realização de um sonho - mas que também acabou trazendo um cansaço acumulado pela falta de rotina e dos hábitos que me sustentam. E, para completar, a TPM veio com tudo.
Foi em um desses dias, de TPM e exaustão, que recebi um áudio da Bruna. Assim como eu, ela trabalha como produtora de conteúdo para marcas. Nos conhecemos anos atrás pelo LinkedIn, e sua trajetória me inspirou muito quando fiz a transição do CLT para a vida autônoma. Nessa mensagem, ela me convidava para uma colaboração no Instagram sobre um tema que, ironicamente, andava me inquietando: a arte.
Eu já vinha sentindo um misto de entusiasmo e medo ao seguir meu caminho com o autoconhecimento, me dedicando a criar um trabalho mais alinhado ao meu propósito. Mas, ao mesmo tempo, me perguntava: e a escrita? E o meu sonho antigo de ser escritora? O que eu faria com ele? Será que, ao me dedicar a esse novo caminho, eu estaria deixando um pedaço essencial de mim para trás?
Naquele momento, senti vontade de me abrir com a Bruna, mesmo sem termos tanta proximidade. Lembrei que, um mês antes, ela havia compartilhado comigo suas dúvidas sobre ser ou não ser mãe. Então, por que não fazer o mesmo agora?
Compartilhei com ela que, naquela semana em especial, minha impostora interna insistia em sussurrar que eu não era capaz — nem de ser uma boa mentora de autoconhecimento, tampouco uma escritora.
Ela me respondeu em seguida, e nos seus áudios, encontrei um eco dos meus sentimentos. As mesmas dúvidas, inseguranças e a mesma busca por alinhamento. E, naquela conversa, nasceu um espaço de troca sincera.
Até então, nossas interações eram mais superficiais, mas ali surgiu algo novo: uma conexão entre duas mulheres de 30 e poucos anos, que estão na internet colocando a cara e que sentem o chamado pra vida criativa pulsar dentro de si, mesmo sem se considerarem artistas. Que construíram um espaço confortável como profissionais de conteúdo, mas sentem que querem mais. Que, mais uma vez, estão se movimentando em direção ao desconhecido.
Comentei com a Bruna que, dias antes, havia visto alguns vídeos da Laís Schulz — que também descobri anos atrás pelo LinkedIn — e senti que a vida estava falando comigo de diversas formas por meio do conteúdo dela, como se estivesse colocando em palavras coisas que eu ainda não conseguia expressar.
Bruna, que já era mais próxima da Laís, respondeu que, sim, ela também estava no mesmo barco, atravessando um processo muito parecido. O curioso é que tanto ela quanto a Laís foram LinkedIn Top Voice e poderiam, sem dificuldade, continuar criando conteúdo sobre criar conteúdo, um espaço onde já são reconhecidas. Mas isso já não é 100% alinhado ao que elas realmente são e desejam. No fim, o que nós todas queremos é criar algo nosso, algo que vem de um lugar mais genuíno e autêntico.
A partir disso, percebemos que, apesar de estarmos em partes diferentes do mundo — eu na Ásia, Bruna em São Paulo e Laís em Portugal —, estávamos na mesma frequência e em um momento de vida parecido. Criamos um grupo no WhatsApp, marcamos uma chamada de vídeo e, quando vimos, já haviam se passado mais de duas horas em uma conversa que foi como um abraço virtual.
Isso me lembrou o quanto a internet pode ser incrível. O quanto ela nos permite encontrar nossa tribo e cruzar caminhos com quem compartilha dos mesmos anseios e inquietações. E o quanto eu amo ver gente que banca o que quer, sabe? Gente que busca significado, que insiste em ser fiel a si, especialmente quando já se tem um lugar estabelecido. É preciso coragem para ouvir os incômodos internos que nos pedem por mudança.
E nada me inspira mais do que estar perto de outras mulheres corajosas e fortes, mas que também permitem que suas “fraquezas” sejam vistas. Ser mais vulnerável na vida transformou minhas relações e, agora, meu desafio é ser cada vez mais vulnerável na minha produção de conteúdo também.
Afinal, convenhamos, quem está 100% pronto? Ninguém. A verdade é que estamos todos tentando.
Muitas vezes, olhamos para as conquistas alheias e só enxergamos o lado de fora. Não vemos as dúvidas, os medos, os desafios internos que aquela pessoa enfrenta. E não importa o quanto a gente avance, acho que algumas inseguranças sempre estarão ali, nos assombrando. Mesmo quando algumas se vão, outras surgem na próxima esquina.
Vivemos em um mundo que atrela o nosso valor ao tanto que a gente produz, que nos pressiona a ter todas as respostas, a não demonstrar incertezas. E para nós, mulheres que já passamos dos 30, essa cobrança se intensifica ainda mais. O que já deveríamos ter alcançado? Como deveríamos estar? O que já se espera que saibamos com certeza?
No entanto, o que venho aprendendo é que não estar 100% pronta não é motivo para não se permitir caminhar. Alimentar a ideia de que um dia estaremos totalmente preparados para o que almejamos fazer é a maior armadilha da autosabotagem. Como uma frase que vi esses dias: “Primeiro a gente começa, depois a gente mellhora.”
Acredito muito que a coragem é o combustível que nos leva ao encontro de tudo o que nossa alma já sabe que somos.
E fazer essa travessia em direção ao lugar que nos pertence não é fácil. É preciso atravessar vários túneis escuros no caminho. Mas quando percebemos que não estamos só nessa, o percurso vai ficando mais leve.
Nos últimos anos, aprendi muito sobre enfrentar meus sabotadores internos. E é graças a esses aprendizados que sigo me movendo, cada vez mais, em direção ao que pulsa dentro de mim.
No dia 03/03, lanço meu curso de autoconhecimento e relacionamentos, SER, AMAR & VOAR. Nele, tem uma aula profunda sobre medos – um tema que me fascina justamente porque amo a palavra Coragem (tenho até tatuada no peito). Para seguirmos nosso coração, precisamos entender nossos mecanismos de proteção. E enxergar isso de frente, com consciência, pode mudar tudo.
Se você quer receber novidades sobre o curso em primeira mão, entra no meu grupo do WhatsApp! Por lá, também compartilho áudios com reflexões que podem te ajudar no processo de autoconhecimento.
E, antes de encerrar, quero te recomendar o trabalho incrível dessas duas mulheres que mencionei nesta edição:
✨ Bruna Cosenza criou o CriArte, um clube de colagens e processos criativos
para quem quer resgatar a criatividade e explorar o fazer artístico sem pressão, em um espaço de acolhimento e troca.
No dia a 06/03, das 19h30 às 20h30, ela vai realizar um encontro gratuito para explicar como irá funcionar o clube. Para participar, basta cadastrar o seu e-mail aqui. Recomendo muito que acompanhem o instagram dela também e sua recém lançada newsletter.
✨ Laís Schulz tem uma newsletter maravilhosa, cheia de reflexões que fazem a gente repensar nossa relação com o trabalho, com a criatividade e com a vida, além de um canal no Youtube muito leve, com vlogs autênticos e inspiradores. Apenas acompanhem!
Bom, se você chegou até aqui, obrigada! :) Espero muito que essa troca te inspire de alguma forma.
Com amor,
Renata Stuart
Se isso não é um chamado escancarado, eu não sei o que é. Também estou superconectada com o conteúdo da Laís Schulz. Acompanho a Bruna Cosenza no LinkedIn, que delicadeza de conteúdo! Vocês me inspiram demais! Continuarei aqui, de pertinho, lendo cada texto de vocês, que é combustível para eu realizar o meu propósito. Obrigada pela partilha! E parabéns pelo lançamento do seu curso! Muito sucesso na caminhada empreendedora! <3
O nosso encontro era tudo o que eu precisava nesse ano tão desafiador, em que ando me sentindo desconectada de pessoas que estão comigo há anos, mas não conseguem compreender minhas dores atuais. Agradeço pela vida ter colocado em meu caminho vocês para que essa jornada seja menos assustadora e solitária. Lindo seu texto, Re. Amei!