Você foi enganado(a)
Você foi enganado(a). Eu também fui.
Enganados pela vida, pela sociedade e, muitas vezes, por nós mesmos. Nos ensinaram que a vida era sobre fazer e ter: siga o caminho seguro, conquiste isso, busque aquilo, não corra riscos. Fomos educados como se houvesse um único roteiro, como se todos coubessem na mesma caixa e precisassem trilhar o mesmo caminho.
Mas o que não nos contaram é que o caminho começa no SER. Se você não souber quem você é, tudo parecerá vazio. As conquistas, os planos e até os relacionamentos perderão o sentido, porque não estarão conectados com a sua essência. Foi isso que eu descobri quando me joguei no desconhecido e abandonei o “roteiro”.
Aos 24 anos, eu carregava um incômodo interno que crescia a cada dia. Tudo parecia estar no lugar: recém-formada, crescendo profissionalmente e prestes a abrir minha própria agência de comunicação, em um relacionamento estável que havia começado aos 16 anos. Na visão de muitos, estava tudo perfeito, “dentro dos conformes”, como tinha que ser. Mas eu não me reconhecia na vida que estava construindo. Era como se até ali eu estivesse apenas seguindo um roteiro, fazendo o que era esperado de mim, sem sequer questionar se aquelas escolhas eram genuínas.
Foi então que, sem racionalizar muito, segui minha intuição e fiz o que senti que precisava fazer. Terminei a relação que já não fazia sentido, desisti de abrir a agência e, com minhas economias, parti para a Irlanda. O plano era ficar 6 meses, mas morei lá por quase 2 anos e meio. Trabalhei como babá de quatro crianças irlandesas, fui garçonete em um pub na capital do país, conheci pessoas de todos os cantos do mundo e visitei vários países.
Nesse movimento, acessei uma parte de mim que nem sabia que existia: uma versão livre e amante das possibilidades que a vida oferece. Pela primeira vez, me senti protagonista da minha própria história.
Mesmo assim, ao voltar para o Brasil, me vi novamente seguindo o tal roteiro. Entrei na vida corporativa como funcionária de uma multinacional e, mais uma vez, lá estava eu no piloto automático, sem enxergar sentido no futuro que estava construindo. Foram necessários anos, crises de ansiedade e um processo profundo de autoconhecimento para que eu pudesse tirar diversas camadas, identificar crenças e medos inconscientes e, finalmente, criar uma vida mais alinhada ao que realmente pulsa dentro de mim.
Uma vida que não é mil maravilhas e naturalmente tem seus altos e baixos, mas a diferença é que, agora, eu me reconheço nela.
Quando existe um incômodo assim, acredito que é porque estamos desalinhados do nosso caminho, da nossa essência, do que viemos fazer aqui. Esse desconforto pode ser um convite. Um sinal de que é hora de ajustar a rota.
Não estou dizendo que é fácil. Exige olhar para dentro, tirar as camadas que o mundo nos fez colocar e criar espaço interno para desenvolver a coragem de se movimentar. Mas vale a pena.
Se você sente que precisa se conectar com a sua essência para enxergar mais sentido nos seus dias, aqui estão minhas sugestões para te auxiliar:
1. Siga o seu entusiasmo.
O que te instiga? O que te inspira e te toca? Que desconhecido te chama? Qual experiência nova te atrai de alguma forma? O que te toca nunca é em vão.
2. Olhe para a sua história.
Revise sua linha do tempo: quais foram os principais marcos ao longo da vida? Conquistas, desafios, mudanças, perdas… Quais aprendizados surgiram dessas experiências? Nossa história molda nossos valores. Ao identificar esses valores, podemos nos questionar se estamos vivendo de acordo com eles ou não.
3. Pergunte à sua criança interior.
O que fazia seus olhos brilharem quando você era criança? Que sonhos e hobbies você tinha? O que fazia você perder a noção do tempo? Resgatar isso pode trazer pistas valiosas sobre a sua essência.
4. Comece pelo movimento.
Não precisa ser uma viagem, como foi o meu caso. Pode ser uma aula de dança, um esporte novo, um hobby deixado para trás, um hábito que te eleve. Qualquer movimento, por menor que pareça, pode te levar, aos poucos, em direção à sua essência. Uma coisa puxa a outra, sabe? No meu caso, por exemplo, antes dessa grande mudança de vida, comecei a correr. Cheguei a correr 10km nessa época, e o sentimento de superação me empoderou e me encorajou a buscar um caminho mais próprio e verdadeiro pra mim.
Em resumo, o autoconhecimento te coloca na sua rota. Lembrando que isso não tem a ver com buscar uma vida sem desafios, que nem existe. Os imprevistos e dificuldades vão continuar acontecendo, mas agora você sabe para onde está indo. Até mesmo certos desafios ganham significado, porque eles se tornam degraus que te aproximam ainda mais de você, de quem você veio ser.
E mesmo que você se perca no caminho – o que também faz parte da jornada – ao acessar essa bússola interna, ela estará sempre lá, pronta para te guiar de volta.
Com amor,
Renata Stuart
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